Diálogo com o passado – Os Sapos

Movidos pelo cenário da independência do pais, um grupo de brasileiros, sentindo uma vontade grandiosa em romper com os padrões artísticos da época, influenciado normalmente pelos europeus, decidiram realizar em fevereiro de 1922, mais precisamente nos dias 13, 15 e 17, marcara a Semana de Arte Moderna no pais. Três dias de muita dedicação a mudança do conceitualismo artístico, político e cultural existente na época. Muitos não gostaram do evento, mas o desdobramento daquela semana de 22, foi acontecendo aos poucos.

O escritor Graça Aranha inaugurou o primeiro dia de apresentações, com a palestra: “A emoção estética da arte moderna”. A segunda noite gostaria de dar ênfase a mesma, visto que apresentações musicais, palestra do escritor e artista plástico Menotti del Picchia, tendo também a leitura do poema de Manoel Bandeira, “Os Sapos”. Vamos apreciar a leitura do poema:


Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.

Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".

O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.

Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.

O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.

Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.

Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas..."

Urra o sapo-boi:
- "Meu pai foi rei!"- "Foi!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".

Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- A grande arte é como
Lavor de joalheiro.

Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo".

Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas,
- "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!".

Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Veste a sombra imensa;

Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é

Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio...



Agora, reflita um pouco sobre o poema acima e copie- o em seu caderno e depois produza um vídeo recitando o poema e poste na plataforma Google Sala de Aula.

Ficará a critério seu a produção que irá utilizar. não precisa necessariamente que apareça sua imagem, apenas sua voz, mas caso prefira não utilizar sua imagem, faça uma boa edição. Lembrando que deverá transparecer uma boa voz.

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